Duas pesquisas divulgadas pelo NIC.br e pelo Cetic.br (duas entidades brasileiras reconhecidas pela produção de dados e estudos sobre internet e tecnologia) revelam um panorama atual sobre o uso de Inteligência Artificial (IA) entre estudantes do Ensino Médio no Brasil. Enquanto o uso cresce rapidamente, também aumentam as dúvidas, os medos e a falta de orientação adequada.
Apesar do uso amplo da IA, muitos jovens ainda demonstram medo e insegurança, pois podem se tornar dependentes das ferramentas e podem: (i) perder sua capacidade de aprender de forma autônoma, (ii) receber informações incorretas, (iii) ter sua privacidade comprometida e (iv) ver sua criatividade e autonomia intelectual afetadas.
Uso intenso e cotidiano da IA
Segundo o Cetic.br, sete em cada dez estudantes do Ensino Médio já utilizam ferramentas de IA generativa, tais como ChatGPT, Gemini ou Copilot. Os maiores usos são para pesquisas escolares, resumos e tarefas. O levantamento completo pode ser lido aqui:
A pesquisa divulgada pelo NIC.br confirma essa tendência: muitos estudantes já utilizam IA diariamente e para diversas finalidades, tanto acadêmicas quanto pessoais. O artigo completo está disponível em:
Um trecho interessante do artigo do NIC.br que nos leva a muitas reflexões é este:
"Os alunos brincam que existe um pacto silencioso: os professores fingem que não sabem e os alunos fingem que não usam IA. E eles ficaram muito tempo nos contando as estratégias para burlar e enganar o professor de que o trabalho não foi feito por IA para que o conteúdo ficasse mais humanizado”, lembrou a pesquisadora. E os métodos para burlar são os principais desafios entre os adolescentes. (...) Entre as perguntas realizadas sobre os riscos, os entrevistados, apesar de usarem indiscriminadamente a IA, sentem medo de terem um aprendizado superficial e dependência. Eles têm medo de desaprender, receio de perder a identidade e não se reconhecerem mais, ou seja, que aquilo que é deles não esteja mais visível, explicou a pesquisadora, referindo-se aos trabalhos realizados por IA em que o “dedo” do estudante acaba por não aparecer. Eles também se preocupam com privacidade, direitos autorais, o que estão fazendo com os seus dados e os dados de quem eles estão usando (...)"O avanço da IA entre jovens não é apenas uma mudança técnica, é uma transformação educacional profunda. A tecnologia pode enriquecer o aprendizado, estimular novas formas de pesquisa e facilitar o acesso à informação. Mas, sem orientação crítica, pode também gerar desafios sérios.
As pesquisas do NIC.br e do Cetic.br reforçam a urgência de integrar a IA à educação de forma ética, consciente e equilibrada, preparando estudantes e professores para um cenário que já é realidade.